Mostras Imersivas E Peças Teatrais Marcam A Agenda Cultural De Dezembro
Jardins e arredores vivem uma temporada cultural intensa, com novas exposições e espetáculos que atravessam temas como crise ambiental, memória, espiritualidade, história da cidade e celebrações da música brasileira. Em novembro, do MASP — que apresenta mostras de Clarissa Tossin e Minerva Cuevas — ao MIS, Zipper Galeria, Japan House, Casa Triângulo, Casa Ema Klabin, Solar Fábio Prado e Casa Bradesco, além de peças nos teatros Santos Augusta e Renaissance, a cidade reúne propostas que vão da astrofotografia à arqueologia, da crítica social à ficção poética, e de homenagens à trajetória de grandes artistas às criações voltadas ao público infantil. Uma programação ampla que evidencia a vitalidade e a diversidade do circuito cultural paulistano.

Clarissa Tossin e Minerva Cuevas, no Masp
O MASP apresenta até 1º de fevereiro de 2026 a exposição “ponto sem retorno”, primeira mostra individual da artista Clarissa Tossin em um museu brasileiro. Reunindo 40 obras produzidas entre 2008 e 2025, a exposição reflete sobre o colapso ambiental e os efeitos irreversíveis da ação humana no planeta. Misturando arte e ecologia, Tossin utiliza materiais descartados, elementos naturais e registros do corpo para criar o que chama de “fósseis do futuro”. A mostra inclui obras inspiradas nas enchentes no Rio Grande do Sul e nos incêndios em Los Angeles, conectando o local e o global na crise climática. Com curadoria de Adriano Pedrosa e Guilherme Giufrida, a exposição integra o programa Histórias da Ecologia, dedicado a artistas e narrativas sobre o meio ambiente.
Até o dia 8 de março, o MASP apresenta uma exposição dedicada à artista conceitual mexicana Minerva Cuevas. A mostra reúne trabalhos em diferentes mídias que investigam questões ligadas a consumo e poder corporativo, ecologia social e exploração petrolífera. Dividida em três eixos, a exposição aborda o uso crítico de símbolos de marcas, a relação entre problemas ambientais e desigualdade social — inspirada no conceito do filósofo Murray Bookchin — e os impactos econômicos, sociais e ambientais da extração de petróleo, incluindo obras feitas com piche. A exibição ocupa a Sala de Vídeo, no 2º subsolo do Edifício Lina Bo Bardi.
Os ingressos custam R$ 75 (inteira) e R$ 37 (meia) e estão disponíveis no site do Masp www.bilheteria.masp.org.br ou na bilheteria do museu.
Av. Paulista, 1578 – Bela Vista, São Paulo
@masp

Exposição de Fotografias, no MIS
Com entrada gratuita, o Museu da Imagem e do Som (MIS) apresenta até 7 de dezembro a exposição “Cosmontanhas – Uma jornada entre o céu e a Terra”, do fotógrafo Luan Chaves, dentro do projeto Nova Fotografia. Inspirada em Noite Estrelada, de Van Gogh, a mostra reúne imagens que unem ciência e arte por meio da astrofotografia de longa exposição, revelando o movimento das estrelas e aspectos invisíveis a olho nu. As composições de Chaves propõem um diálogo entre o olhar científico e a expressão poética, convidando o público a refletir sobre a relação entre o ser humano e o cosmos. A entrada é gratuita.
Avenida Europa, 158 – Jardim Europa, São Paulo

Olhos nos Olhos, no Teatro Santos Augusta
O espetáculo “Olhos nos Olhos”, estrelado por Ana Lúcia Torre e dirigido por Sergio Módena, está em cartaz no Teatro Santos Augusta, nos Jardins. A peça marca a celebração dos 80 anos de vida e dos 60 anos de carreira da atriz, que divide com o público memórias e reflexões pessoais e profissionais em diálogo com a obra de Chico Buarque. O roteiro, que conta com a participação de Marília Lopes, é entremeado por canções como Meu Guri, Beatriz, Geni e o Zepelim, Valsinha, Atrás da Porta e Olhos nos Olhos, explorando temas como arte, amores, separações, maternidade, resistência e o tempo.
Com realização da Morente Forte, que também comemora 40 anos de atuação, a montagem cumpre curta temporada até 9 de novembro, com sessões aos sábados, às 20h, e domingos, às 18h. Vendas através do site : www.sympla.com.br/teatrosantosaugusta
Alameda Santos, 2159 – Jardins, São Paulo

Dona Lola, no Teatro Renaissance
O ator Marcelo Médici apresenta seu novo espetáculo solo, “Dona Lola”, em cartaz no Teatro Renaissance até 14 de dezembro. A comédia é uma homenagem bem-humorada e afetuosa às mulheres que marcaram a vida pessoal e artística do ator. Na trama, Lola é uma dona de casa que se torna um sucesso nas redes sociais após os vídeos postados por sua neta e decide se aventurar nos palcos — sem ser atriz, sem roteiro e sem saber exatamente o que dizer. O resultado é uma mistura de riso e emoção, em que a personagem compartilha histórias e segredos, criando laços com o público.Com direção de Ricardo Rathsam, parceiro de longa data de Médici, o espetáculo conta ainda com trilha sonora original e participações especiais em áudio de Tony Ramos e Antonio Fagundes, que dão voz às amigas de Lola. Para mais informações e compra de ingressos, acesse o site oficial do Teatro Renaissance: https://teatrorenaissance.com.br
Alameda Santos, 2233 – Jardins, São Paulo

Os Olhos de Nara Leão, no Teatro Renaissance
O Teatro Renaissance recebe até 21 de dezembro o monólogo musical “Os Olhos de Nara Leão”, estrelado por Zeze Polessa e dirigido por Miguel Falabella, com apresentações às sextas, sábados e domingos. A peça revisita a trajetória da cantora, destacando sua importância nas décadas de 1960, 70 e 80, e percorre estilos como Bossa Nova, Tropicalismo e Jovem Guarda, com clássicos como “A Banda”, “Corcovado” e “Marcha da Quarta-feira de Cinzas” interpretados ao vivo.
Zeze Polessa buscou inspiração na própria relação com Nara, transmitindo liberdade e autenticidade sem imitá-la. Com 80 minutos de duração e classificação livre, os ingressos começam em R$ 75 e estão à venda online (www.sampaingressos.com.br) e na bilheteria do teatro.
Hotel Renaissance: Alameda Santos, 2233 – Jardim Paulista, São Paulo

Camille Kachani e Julia Pereira, na Zipper Galeria
A Zipper Galeria apresenta até o dia 20 de dezembro, duas exposições individuais que exploram memória e pulsão criativa. Camille Kachani, em Uma Contra-História do Brasil, revisita criticamente a história oficial do país a partir das margens, com 12 obras inéditas entre esculturas e objetos em técnica mista que questionam relações entre mito, natureza e cultura. Entre os trabalhos, destacam-se Pindoretama (2025), Pau-Brasil (2024) e Brazilapopolo (2025), que celebram a diversidade e criticam a visão eurocêntrica.
Paralelamente, Julia Pereira, em Rastro e Pulsão, apresenta pinturas que registram o impulso criador e suas marcas no mundo, resultantes de uma residência artística em Lisboa. Obras como Dancing Ghosts, Ecos e Protagonistas e Coexist exploram memória, gesto e corpo, com pinceladas que funcionam como extensões do inconsciente.
Rua Estados Unidos, 1494 – Jardim América, São Paulo.

“Fluxos – o Japão e a água”, na Japan House
A Japan House São Paulo apresenta até 1º de fevereiro de 2026 a mostra “Fluxos – o Japão e a água”, que destaca a profunda conexão do país com esse elemento essencial em sua história, espiritualidade, arte, ciência e tecnologia. Com curadoria de Natasha Barzaghi Geenen, a exposição transforma o espaço em uma experiência imersiva e sensorial, inspirada na fluidez das águas. O percurso aborda desde o impacto da água na infraestrutura urbana japonesa até seu papel simbólico em rituais e tradições espirituais. Entre os destaques estão uma xilogravura de Hiroshige Utagawa (1857) e instalações contemporâneas de Tomoko Sauvage e Shiori Watanabe, que unem som, natureza e meditação. A mostra também integra o programa JHSP Acessível, com recursos inclusivos como audiodescrição e materiais táteis.

Flávia Junqueira, na Casa Bradesco
A Casa Bradesco, no complexo Cidade Matarazzo (São Paulo), recebe até o dia 21 de dezembro a exposição inédita da artista Flávia Junqueira, que apresenta obras criadas especialmente para o espaço dedicado à infância, com programação contínua de quinta a domingo, ao longo de três meses. O ambiente combina artes visuais, literatura e experiências interativas, com foco na educação e na aproximação das crianças com o universo da arte.
Alameda Rio Claro, 190 – Bela Vista, São Paulo

“Quando São Paulo era Piratininga: arqueologia paulistana”, no Casa Ema Klabin
A Casa Museu Ema Klabin inaugura, em 29 de novembro, a mostra “Quando São Paulo era Piratininga: arqueologia paulistana”, com curadoria de Paula Nishida e Paulo de Freitas Costa. A exposição convida o público a revisitar o passado remoto da capital, revelando que o território hoje ocupado por São Paulo já era habitado há cerca de 4 mil anos — muito antes da chegada dos colonizadores europeus.
Dividida em dois eixos — Pré-colonial e Colonial —, a mostra apresenta achados arqueológicos de oito sítios da cidade, incluindo artefatos de pedra lascada do Morumbi, vestígios das antigas olarias de Pinheiros, urnas funerárias indígenas e estruturas de moradias descobertas no Butantã e no Itaim Bibi, vizinho à casa museu. Há também registros do início da mineração no Jaraguá e documentos que ajudam a reconstituir a paisagem e o clima da antiga Piratininga. Com fotografias, mapas, reproduções de peças e até objetos que o visitante pode manusear, a exposição destaca o rigor do trabalho arqueológico e aproxima o público das camadas históricas soterradas sob a metrópole contemporânea.
Rua Portugal, 43 – Jardim Europa, São Paulo

Fernanda Galvão, na Casa Triângulo
Até o dia 20 de dezembro, a Casa Triângulo recebe Duas luas, segunda exposição individual da artista brasileira radicada em Paris Fernanda Galvão, com curadoria de Marcos Moraes. A mostra apresenta uma nova série de pinturas que aprofunda a investigação da artista sobre deslocamento, impermanência e formas de coexistência em futuros possíveis. Com paleta intensa e uso de texturas, luz, sombra e glitter, Galvão cria paisagens imaginárias e oníricas que mesclam referências pessoais, natureza, ficção científica e memórias de diferentes territórios pelos quais passou. As obras exploram a vulnerabilidade das formas e a dissolução de limites entre corpo, ambiente e dimensões, refletindo uma produção mais livre e aberta ao inesperado.
Rua Estados Unidos 1324, Jardins – São Paulo

Edgar Kanaykõ Xakriabá, no Solar Fábio Prado
A exposição “Hêmba”, primeira mostra individual do fotógrafo e antropólogo Edgar Kanaykõ Xakriabá, está aberta ao público no Solar Fábio Prado, em São Paulo, com entrada gratuita. Reunindo trabalhos que articulam imagem, memória, espiritualidade e luta territorial, a mostra deriva do fotolivro homônimo lançado em 2023 e propõe uma experiência sensível e política sobre a relação entre povos indígenas, território e modos de ver. Com curadoria de Fabiana Bruno e Eder Chiodetto, a expografia apresenta registros documentais e imagéticos que transitam entre denúncia, ancestralidade e cosmologia, reafirmando a fotografia indígena como linguagem contemporânea e instrumento de resistência. A visitação ocorre até 15 de dezembro, de terça a domingo, das 10h às 18h.
Av. Brigadeiro Faria Lima, 2705 – Jardim Paulistano, São Paulo
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