Cultura Nos Jardins: Exposições E Espetáculos Movimentam Outubro Em São Paulo

De Raul Seixas no MIS à intimidade da Casa Museu Ema Klabin, passando por estreias teatrais, coletivas de arte e mostras em museus e galerias, o mês de outubro reserva uma programação diversa e vibrante para quem quer explorar o circuito cultural dos Jardins e arredores da Avenida Paulista.
 

Os Olhos de Nara Leão, no Teatro Renaissance
O Teatro Renaissance recebe até 21 de dezembro o monólogo musical “Os Olhos de Nara Leão”, estrelado por Zeze Polessa e dirigido por Miguel Falabella, com apresentações às sextas, sábados e domingos. A peça revisita a trajetória da cantora, destacando sua importância nas décadas de 1960, 70 e 80, e percorre estilos como Bossa Nova, Tropicalismo e Jovem Guarda, com clássicos como “A Banda”, “Corcovado” e “Marcha da Quarta-feira de Cinzas” interpretados ao vivo.
Zeze Polessa buscou inspiração na própria relação com Nara, transmitindo liberdade e autenticidade sem imitá-la. Com 80 minutos de duração e classificação livre, os ingressos começam em R$ 75 e estão à venda online (www.sampaingressos.com.br) e na bilheteria do teatro.

Hotel Renaissance: Alameda Santos, 2233 – Jardim Paulista, São Paulo

 

 

Camille Kachani e Julia Pereira, na Zipper Galeria
A Zipper Galeria apresenta, de 16 de outubro a 20 de dezembro, duas exposições individuais que exploram memória e pulsão criativa. Camille Kachani, em Uma Contra-História do Brasil, revisita criticamente a história oficial do país a partir das margens, com 12 obras inéditas entre esculturas e objetos em técnica mista que questionam relações entre mito, natureza e cultura. Entre os trabalhos, destacam-se Pindoretama (2025), Pau-Brasil (2024) e Brazilapopolo (2025), que celebram a diversidade e criticam a visão eurocêntrica.
Paralelamente, Julia Pereira, em Rastro e Pulsão, apresenta pinturas que registram o impulso criador e suas marcas no mundo, resultantes de uma residência artística em Lisboa. Obras como Dancing GhostsEcos e Protagonistas e Coexist exploram memória, gesto e corpo, com pinceladas que funcionam como extensões do inconsciente.

Rua Estados Unidos, 1494 – Jardim América, São Paulo.

 

 

Zé Carlos Garcia, na Casa Triângulo
A Casa Triângulo apresenta, até 8 de novembro, Peixe das Nuvens, primeira exposição individual de Zé Carlos Garcia na galeria, com texto crítico de Daniela Labra. A mostra reúne esculturas inéditas que compõem um universo poético e mitológico, inspirado em fenômenos naturais como a “chuva de peixes” e o peixe Rivulidae, que brota do solo após a seca.
As obras, feitas em madeiras como pinus, roxinho e eucalipto, misturam elementos humanos, animais e vegetais, formando seres híbridos que evocam o mistério e a força da natureza. Entre os destaques estão MonadaVendo com outros olhos e Peixe das Nuvens, peças que exploram o gesto, o mito e o enigma como fundamentos da criação.
Nascido em Aracaju e radicado no Rio de Janeiro, Garcia é reconhecido como um dos principais escultores de sua geração, com obras em acervos da Pinacoteca de São Paulo, Instituto Inhotim e Museu de Arte do Rio.

Rua Estados Unidos, 1324 – Jardins, São Paulo

 

 

Foto: Cínthia Bueno

 

Baú do Raul, no MIS
Raul Seixas, o eterno “Maluco Beleza”, que completaria 80 anos em 2025, é celebrado no MIS com a megaexposição “Baú do Raul”, em cartaz até o dia 2 de novembro. A mostra apresenta uma retrospectiva inédita da trajetória do artista, reunindo centenas de itens originais — como roupas, instrumentos, manuscritos e letras — organizados em mais de 15 salas com cenografia imersiva que transporta o público para o universo criativo do cantor e compositor.
Entre os destaques está o espaço Toca Raul, onde os visitantes podem subir ao palco e interpretar sucessos como GitaMaluco BelezaAluga-seMetamorfose Ambulante e Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás. As performances são registradas e disponibilizadas on-line para os participantes.
O acervo, cedido por Kika Seixas e Vivian Seixas, ex-companheira e filha do músico, conta ainda com peças da coleção de Sylvio Passos, amigo próximo e fundador do fã-clube oficial, além de fotografias raras que ajudam a compor um retrato íntimo e abrangente de Raul Seixas. Ingressos através do site: https://megapass.com.br/eventos/bau-do-raul

Avenida Europa, 158 – Jardim Europa, São Paulo

 

 

 

Olhos nos Olhos, no Teatro Santos Augusta
O espetáculo “Olhos nos Olhos”, estrelado por Ana Lúcia Torre e dirigido por Sergio Módena, estreia no dia 11 de outubro no Teatro Santos Augusta, nos Jardins. A peça marca a celebração dos 80 anos de vida e dos 60 anos de carreira da atriz, que divide com o público memórias e reflexões pessoais e profissionais em diálogo com a obra de Chico Buarque. O roteiro, que conta com a participação de Marília Lopes, é entremeado por canções como Meu GuriBeatrizGeni e o ZepelimValsinhaAtrás da Porta e Olhos nos Olhos, explorando temas como arte, amores, separações, maternidade, resistência e o tempo.
Com realização da Morente Forte, que também comemora 40 anos de atuação, a montagem cumpre curta temporada até 9 de novembro, com sessões aos sábados, às 20h, e domingos, às 18h. Vendas através do site : www.sympla.com.br/teatrosantosaugusta

Alameda Santos, 2159 – Jardins, São Paulo

 

 

A Botija, no Itaú Cultural
Todos os domingos até o dia 30 de novembro, às 16h, um quintal se transforma em cenário de magia na peça A Botija: um pequeno inventário de histórias fantásticas do Nordeste Brasileiro, apresentada pela Cia. Fabulinhos no Itaú Cultural (IC). Inspirada em pesquisa sobre literatura oral no sertão potiguar, a montagem acompanha três netos que retornam à casa da avó em busca de uma lendária botija de ouro, lembrança de sua infância. No percurso, eles encontram encantados e encantarias típicas do imaginário nordestino, como a Caipora, a Princesa da Serra e a Mulher do Sonho. A apresentação inclui interpretação em Libras e tem classificação indicativa livre. Grátis. Reserva de ingressos através do www.itaucultural.org.br

Avenida Paulista, 149. Bela Vista, São Paulo
 

 

 

Foto: Caio Gallucci

 

Dona Lola, no Teatro Renaissance
A partir de 11 de outubro, o ator Marcelo Médici estreia no Teatro Renaissance sua nova comédia solo, Dona Lola. A peça, que ficará em cartaz até 14 de dezembro, é uma homenagem às mulheres que marcaram sua trajetória pessoal e artística. Com sessões aos sábados, às 21h30, e domingos, às 19h30, Dona Lola promete cativar o público com humor e reflexão. Na trama, Lola é uma dona de casa que, após se tornar um fenômeno nas redes sociais por meio dos vídeos postados por sua neta, decide se apresentar no teatro. Sem ser atriz, sem espetáculo e sem saber o que dizer, ela enfrenta os desafios de sua nova jornada artística. O espetáculo explora comédia e emoção, enquanto Lola compartilha histórias de sua vida e de suas amigas, revelando segredos e criando momentos de conexão com o público. A direção é de Ricardo Rathsam, parceiro de longa data de Médici, que também assina a trilha sonora. A peça conta com participações especiais em áudio de Tony Ramos e Antonio Fagundes, que dão voz às personagens Marli e Olga, amigas de Lola. Para mais informações e compra de ingressos, acesse o site oficial do Teatro Renaissance: https://teatrorenaissance.com.br

Alameda Santos, 2233 – Jardins, São Paulo

 

 

 

Frans Krajcberg, no MASP
O MASP apresenta até o dia 19 de outubro a exposição “Frans Krajcberg: reencontrar
a árvore”, primeira dedicada ao artista no museu. Pioneiro na integração entre arte e meio ambiente, Krajcberg (1921–2017) transformou resíduos de troncos, raízes, cipós e outros elementos coletados em áreas de devastação em esculturas, relevos, gravuras e pinturas que unem rigor estético e ativismo ecológico.
Dividida em sete núcleos, a mostra percorre mais de cinco décadas de produção, incluindo pinturas, quadros de terra e pedra, florações, sombras e esculturas. O título retoma uma fala do artista durante a elaboração do Manifesto do Rio Negro (1978), em que defendia uma nova relação entre arte e natureza.
Ao denunciar queimadas e o impacto da destruição ambiental, sobretudo na Amazônia, Krajcberg construiu uma obra de forte dimensão política e poética, que se torna ainda mais atual diante da crise climática contemporânea.
Está em cartaz no Solar Fábio Prado, até 14 de setembro, a exposição “Nem Tudo Que Reluz”, do projeto Contemporâneas Vivara, que mergulha nos significados simbólicos do adorno na arte contemporânea, explorando como esses objetos podem guardar memórias, expressar identidades e reforçar vínculos de pertencimento.

Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista, São Paulo

 

 

 

Tempos de uma casa, no Casa Museu Ema Klabin
Até 26 de outubro, a Casa Museu Ema Klabin, nos Jardins, recebe a exposição “Tempos de uma casa”, que integra o tema curatorial Memória. A mostra revisita o cotidiano da residência onde a empresária e colecionadora Ema Klabin viveu por mais de 30 anos, antes de o espaço se transformar em museu.
Com curadoria de Paulo de Freitas Costa, a exposição apresenta pela primeira vez 80 documentos, mais de 60 fotografias antigas e 90 peças da coleção, além de depoimentos de antigos empregados e frequentadores. O recorte revela a intimidade da casa e propõe reflexões sobre relações sociais, afetivas e de poder na São Paulo da segunda metade do século XX. Ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Mais informações através do site www.emaklabin.org.br

R. Portugal, 43 – Jardim Europa, São Paulo

 

 

 

Transe, na Gomide &Co
A Gomide&Co exibe, até 15 de novembro, a coletiva “Transe”, organizada em parceria com o curador Fernando Ticoulat. A mostra reúne artistas de diferentes gerações e linguagens — como Luiza Crosman, Antonio Dias, Rubens Gerchman, Karla Knight, Cildo Meireles, Mira Schendel, Camile Sproesser e Tomie Ohtake — em obras que exploram a arte como campo de transformação, capaz de reorganizar sentidos, matéria e percepção.
Entre os destaques estão as pinturas em grande formato de Camile Sproesser, instaladas nas vitrines da galeria, e o site-specific de Luiza Crosman, inspirado na Escada de Jacó. A exposição integra o circuito paralelo à 36ª Bienal de São Paulo, reforçando a proposta da galeria de aproximar diferentes gerações e contextos da arte latino-americana.

Avenida Paulista, 2644 – Bela Vista, São Paulo

 

 

 

Wilma Martins, na Galatea
A Galatea recebe até o dia 18 de outubro a exposição “Wilma Martins: territórios interiores”, dedicada à emblemática série Cotidiano (1974–1984). Reconhecida como a mais importante da artista, a produção mescla cenas de interiores domésticos com elementos da natureza, revelando a delicada tensão entre o real e o imaginário.
Esta é a primeira mostra individual de Wilma desde a retrospectiva póstuma de 2023 e marca o retorno da série Cotidiano em um conjunto amplo, reafirmando sua relevância na arte brasileira contemporânea. O texto crítico é assinado por Fernanda Morse. A mostra acontece na unidade da galeria, na Rua Padre João Manuel, nos Jardins.

Rua Padre João Manuel, 808 – Jardins, São Paulo
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