Cuidados Com A Pele Dos Bebês E Das Crianças: O Que É Certo E O Que É Errado

A pele das crianças tem características próprias que exigem cuidados especiais. De acordo com a dermatologista Paula Sian, a pele dos pequenos ainda não possui a barreira de proteção totalmente desenvolvida — essa camada se fortalece apenas na adolescência, com o aumento da produção de sebo, a gordura natural que protege e hidrata a pele. Por isso, a pele infantil é mais delicada, mais seca e mais suscetível a irritações. É comum que fatores simples, como água muito quente, uso excessivo de sabonete, esponjas abrasivas ou produtos químicos, provoquem vermelhidão, coceira ou até pequenas lesões. A médica alerta que a pele da criança é naturalmente mais seca e tende a perder água com mais facilidade, o que torna o cuidado com a hidratação e a higiene diárias fundamentais para manter a integridade e o conforto da pele.
Banho: o equilíbrio entre limpeza e proteção
O banho é um dos momentos mais importantes — e também mais sensíveis — no cuidado da pele infantil. O ideal é que ele seja rápido e feito com água morna, nunca quente. A água em excesso ou em temperatura elevada pode retirar a pouca oleosidade natural da pele, causando ressecamento e irritações. O sabonete deve ser usado com moderação e aplicado apenas nas áreas que realmente necessitam de limpeza, como as regiões anal e genital, axilas e pés. A dermatologista explica que não há necessidade de ensaboar o corpo inteiro, já que as crianças não produzem sebo em quantidade suficiente para justificar o uso em toda a pele. Dê preferência aos sabonetes neutros, sem perfume e formulados especialmente para bebês ou peles sensíveis. Produtos com aroma intenso, corantes ou substâncias antibacterianas podem causar reações.
No caso das meninas, é essencial evitar o atrito e a limpeza excessiva da região genital, pois isso pode causar irritações na vulva e na vagina. “O aroma de sabonete na pele não é necessário — e pode até irritar”, reforça Paula Sian.
Hidratação: o segredo para uma pele saudável
Como a pele infantil é naturalmente mais seca, a hidratação deve fazer parte da rotina diária. O melhor momento para aplicá-la é logo após o banho, com a pele ainda úmida, o que ajuda a selar a umidade e potencializa o efeito do hidratante. Seque a pele com toques suaves, sem esfregar, e aplique o produto em todo o corpo. O mesmo hidratante pode ser usado no rosto, desde que tenha indicação para essa área e não cause irritação em caso de contato com os olhos. Prefira hidratantes livres de fragrâncias e corantes, e, se possível, hipoalergênicos. “É fundamental verificar se o produto é seguro para uso facial e, sempre que possível, consultar um dermatologista para escolher o hidratante mais adequado à pele da criança”, orienta a especialista.
Lenços umedecidos: práticos, mas com moderação
Embora sejam práticos no dia a dia, os lenços umedecidos devem ser usados com cautela. A maioria contém álcool e conservantes químicos, substâncias que podem ressecar e irritar a pele. Além disso, a textura porosa dos lenços pode causar atrito e inflamações, especialmente em áreas mais delicadas. Sempre que possível, prefira a higienização com algodão e água morna ou fria, que são mais suaves e eficazes. Para trocas de fralda, um chuveirinho portátil também é uma boa opção.
Dermatites e problemas comuns na infância
A pele infantil pode apresentar algumas condições específicas, geralmente ligadas ao uso inadequado de produtos, à umidade ou à influência hormonal. A dermatite de fralda, por exemplo, ocorre nas áreas cobertas e úmidas, favorecendo o crescimento de fungos — o mais comum é a Candida, presente naturalmente na pele. Quando a imunidade cutânea está reduzida, ela pode causar micose, vermelhidão, coceira, bolhas com pus e descamação. O tratamento envolve o uso de pomadas antifúngicas e, em alguns casos, medicamentos orais (a partir dos 6 meses de idade). Trocar as fraldas plásticas por de pano ajuda a reduzir o abafamento, assim como expor a pele ao sol por alguns minutos e aplicar amido de milho na região.
Outra condição comum é a dermatite seborreica do lactente, também conhecida como “crosta láctea”, que afeta bebês com menos de um ano. Ela surge por conta da influência dos hormônios maternos, que estimulam a produção de sebo. Aparece como caspas esbranquiçadas e aderentes no couro cabeludo. O tratamento consiste em aplicar óleos vegetais ou hidratantes específicos para amolecer as crostas antes do banho e retirá-las delicadamente com uma escova macia. A condição é temporária e não requer interrupção da amamentação.
A acne neonatal também pode surgir nas primeiras semanas de vida, causada pelos hormônios da mãe. Costuma desaparecer naturalmente, mas, se persistir, o dermatologista pode indicar tratamento tópico leve. Em casos mais severos, pode haver necessidade de ajuste na alimentação ou no tipo de leite.
Cuidados com roupas e objetos pessoais
Os cuidados com as roupas também são parte essencial da rotina de proteção da pele infantil. Lave as peças separadas das roupas dos adultos, usando sabão neutro ou específico para bebês. Evite o uso de amaciantes, que contêm fragrâncias e compostos químicos que podem causar alergias. Uma alternativa natural é o vinagre branco, que ajuda a amaciar as fibras e neutralizar odores. Sempre que possível, faça um enxágue duplo para eliminar completamente os resíduos de sabão e seque as roupas em locais arejados e ensolarados, pois o sol ajuda a eliminar fungos e bactérias naturalmente.
Dica final da dermatologista Paula Sian
“A água deve estar sempre em temperatura amena. Deixemos os perfumes e aromas para a fase da juventude — afinal, nada é mais agradável do que o cheirinho natural de uma criança.”
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